Minus: a rede social que vai nos levar de volta à realidade?
De olho na saturação crescente que as pessoas vêm demonstrando em relação às redes sociais, Ben Grosser, artista e professor da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, criou o Minus. A ideia, por lá, é que cada usuário utilize apenas as 100 postagens que terá direito durante toda a sua vida, ou seja, pra postar, será preciso pensar, avaliar e ter absoluta certeza de que aquilo representa algo realmente significativo pra quem publica.
Grosser se baseou em mais de uma década de estudos, explorando as formas de realizar uma comunicação mais saudável e de mais conteúdo na Internet. Há pouco tempo, as pesquisas de Ben se tornaram ainda mais importantes, à medida em que os documentos internos vazados e o testemunho da engenheira de dados e cientista americana Frances Haugen revelaram os negócios de Mark Zuckerberg, impactando negativamente pessoas das mais diversas faixas etárias. Ainda que “imite” o Facebook, o Minus desencoraja o uso constante daquela rede social.
De acordo com Grosser, “como empresa, o Facebook está obcecado em crescer cada vez mais” e o Minus foi implementado como uma plataforma na qual engajamento e crescimento não são os objetivos. No Minus, cada usuário recebe apenas as 100 postagens para utilizá-las ao longo de muito tempo. Além disso, não há curtidas, nem contagens de seguidores, ou seja, desestimula os “ególatras” de plantão que, com o nocivo auxílio de vendedores de seguidores, curtidas e até mesmo comentários e repostagens nos stories, vêm transformando redes como Facebook e Instagram em uma máquina de “fazer malucos”.
Eu, nesse final de semana, decidi ficar “off”. Não entrei em qualquer rede social, tampouco acompanhei o noticiário através dos sites. O resultado? “Pilha” nova, “bateria” recarregada! Como é bom ter vontade de viver a vida real! Eu gosto das redes sociais, sou uma jornalista por formação e por profissão e, obviamente, a minha vida passa também pelas redes sociais, mas depois que eu vi o total de horas que eu vinha perdendo com o virtual, uma luz vermelha acendeu. O que ganhamos com isso? Em que nossas vidas se tornam melhores? Você acredita mesmo em tudo o que lê nas redes sociais? Acha que alguém seria capaz de mostrar o lado “B”, seus defeitos e problemas do dia a dia? Quantos não comem feijão pra “arrotar” caviar? Você ficaria de queixo caído se visse o número de pessoas com problemas financeiros, cheias de dívidas, que tentam “tirar onda” de bem resolvidas financeiramente em suas páginas e perfis. A grande verdade é que nós, jornalistas, a grande maioria, por hábito da profissão, aprendemos a enxergar além do que nos mostram e a ler nas entrelinhas…difícil enganar um(a) jornalista em stories ou num texto, ainda mais em textos tão pouco elogiáveis quanto os publicados nas redes sociais.
Há quem, assim como o Facebook e outras redes, utilize a ignorância de algumas pessoas. É comum ver criaturas mal intencionadas se fazendo passar por quem não são, enganando outras com pouca ou nenhuma instrução…muito triste, e revoltante.
O Minus, que não exibe anúncios para gerar receita, nem tem os incentivos que o Facebook oferece para manter os usuários consumindo, foi lançado, segundo Grosser, com o intuito de estimular conversas, tendo em vista o fato de que é possível responder às postagens sem qualquer restrição.
Pense também em reservar uns dias para ficar “off” das redes, lhe fará um bem enorme, acredite. Com a vida voltando aos poucos à normalidade, vale visitar lugares que não vemos há muito tempo, curtir algumas horinhas do mais puro e delicioso dolce far niente, vivendo aquilo que se quer, sem a necessidade de mostrar e postar o que está fazendo. É triste ver o quanto algumas pessoas precisam mostrar o que sequer vivem verdadeiramente. Redes sociais têm seu lado útil, interessante, mas é sempre bom lembrar que o ser humano é bem competente para estragar aquilo que poderia ser tão bom, não é mesmo? Que tal viver a vida real?
Para o Fast Company, Grosser diz que a plataforma tem como intuito estimular a conversa, uma vez que é possível responder às postagens livremente, também não exibe anúncios para gerar receita e não tem os mesmos incentivos que o Facebook para manter os usuários consumindo.