Sobre Renata Suter

Olá! Sou Renata Suter, carioca e jornalista. Em 2015, após alguns anos morando nos Estados Unidos, eu chegava de volta ao Rio de Janeiro.
Quando lembro desse dia, custo a acreditar que a minha coragem me trouxe até aqui de volta.
Tentar colocar minha vida no eixo foi a razão que me levou pra Fort Lauderdale, como eu mesma definia, o meu paraíso quase particular.
Foi lá que eu recuperei forças, fé na vida, esperanças e voltei a acreditar em felicidade pro meu futuro, depois que o mal de Alzheimer atingiu em cheio Fred, meu marido à época, e deixou nada no lugar.
Àquela altura, tantos anos atrás, duvidava de tudo e, principalmente, de mim mesma.
Meu novo destino foi muito generoso comigo.
Passei a ter algo que eu sentia tanta falta: liberdade. De ir e vir, e de ficar. Ficar onde eu quisesse, estar onde eu quisesse. Sem medo, sem preocupações, sem ” fantasmas”. Passei a ter o direito de sentar na areia da praia deserta, com uma cachorra de cada lado, e a ficar ali horas, só olhando. Nada de assaltos, ladrões, sem o perigo tão conhecido deste Rio de Janeiro a minha volta. Sem cobranças. Apenas tranquilidade.
Tive a oportunidade de desenvolver um bom trabalho, o meu próprio blog – o ‘Top Notch by Renata Suter’. Reencontrei o prazer de escrever. Quis contar o que havia de melhor em Fort Lauderdale, Miami e no mundo, sob a ótica de quem queria mesmo ver tudo o que havia de bom.
E eu vi. E eu contei. E eu me orgulhei de como o meu trabalho foi bem aceito por lá.
Descobri novos hábitos, um jeito diferente de viver e, acima de tudo, descobri uma nova Renata.
Fui quem eu era. Quem eu queria ser. Cortei e pintei meu cabelo como e quanto quis, sem me preocupar com os outros. Até mesmo porque, por lá, ninguém se preocupa com a aparência alheia, com a vida alheia, ao contrário, o que se valoriza é o talento, o caráter e a personalidade de cada um.
Eu era “apenas” mais uma brasileira na Flórida, querendo que aquela experiência valesse cada segundo.
E valeu! Como valeu!
Sinto M U I T A S saudades de lá! Muito mais do que eu pude supor. E ainda tento conviver com a falta do tanto que deixei por lá.
Dizem que é a tal ‘Síndrome do Retorno’, um “fenômeno” que afeta, por anos, quem vive um tempo significativo, como eu vivi, fora do país de origem.
Como eu sou teimosa – mais do que a própria teimosia – tinha certeza de que nada me atingiria. Mas atingiu. Convivo com a saudade, com as diferenças, e tento fazer desse limão mais uma doce limonada, mas nem sempre é fácil. E não é frescura.
O carioca gente boa, de quem tantas saudades eu sentia quando ainda estava por lá, já não é mais tão gente boa assim. O humor do carioca se tornou mais ácido. Bem mais – tá mais pra azedo do que pra ácido.
A rua onde eu vivi os melhores anos da minha infância e adolescência – e parte da minha juventude -, a Barão da Torre, em Ipanema, em nada lembra aquele tempo tão feliz. Meu colégio, o Notre Dame, onde eu estudei até ir pra faculdade, ficou tão diferente que precisei olhar algumas vezes até voltar a me ver ali, ainda criança, correndo sem parar.
O apartamento que aqui deixei já não era mais meu. Foi “consumido” pelo Alzheimer que me levou também o grande amor da minha vida.
Referências? Poucas, com certeza, apesar de adorar tanto a cidade onde eu nasci.
O trânsito daqui ainda me assusta, a falta de educação das pessoas me incomoda muito e ter perdido o direito de ir e vir, por conta da falta de segurança e pela violência, me exaspera.
Os políticos debochados e caras de pau são velhos conhecidos, em nada mudaram.
Enfim, foi “fácil” voltar. Mas não tem sido nada fácil ficar por aqui. Como sou teimosa, não desisto. Nem vou. Talvez seja hoje uma determinada a “meia boca”, mas eu quero voltar a ser tão feliz quanto já fui aqui nesta mesma cidade.
Minha vida não é a de tantos do Facebook ou do Instagram: happy, happy, happy…mas tento fazer com que ela seja assim na maior parte dos momentos. Não acredito mais nessa “felicidade” perfeitinha das redes sociais. Difícil acreditar que alguém seja feliz o tempo todo. E a felicidade que quero é a real, não a virtual.
E o principal: voltou comigo – e anda meio combalida – a insistência de acreditar que a vida sempre vale a pena. E é nela que tenho tentado acreditar! Que ela torne a minha vida como espero ver esta cidade outra vez: maravilhosa!

Good to see you again, Rio!