Detox digital? Você ficaria 24 horas sem aparelhos eletrônicos para ganhar US$2,4 mil?

Que tal participar de um desafio e embolsar US$2,4 mil? O site ‘reviews.org‘, com sede em Salt Lake City, Utah, nos Estados Unidos, lançou o “Desafio de Desintoxicação Digital de 24 Horas”, onde os participantes que conseguirem ficar um dia inteiro sem seus aparelhos eletrônicos, relatarão a experiência de “abstinência” em troca dos tais US$ 2,4 mil ( algo em torno de R$ 13 mil ). O site norte-americano oferece comparações de marcas, guias de compradores, pesquisas e muito mais sobre diferentes produtos e dispositivos domésticos. Qualquer pessoa, com 18 anos ou mais, e com situação legal pra trabalhar nos Estados Unidos pode se inscrever no desafio, que terá os participantes divulgados no próximo dia 29 de março.
A ideia do desafio nasceu de um relatório do próprio site, que revelou o tempo médio de um americano, por semana, à frente da TV: 56 horas. O celular é checado por eles, uma vez, a cada nove minutos. Esses números aumentaram durante esta pandemia, por conta das medidas de isolamento social.
Os participantes terão duas semanas pra aceitar ou recusar o desafio e pra escolher o dia mais adequado de suas rotinas e encarar os obstáculos. Eles podem passar o dia como quiser, mas devem concordar em ficar 24 horas sem telefones celulares, TV e dispositivos móveis inteligentes. Os “desafiadores de desintoxicação” receberão um cofre pra armazenar todos os seus dispositivos, além de um vale-presente de US$200 ( cerca de R$ 1,1 mil ) da Amazon pra montar um kit de sobrevivência sem tecnologia, de olho na difícil tarefa de passar o tempo: jogos de tabuleiro, livros e artigos de papelaria estão entre as sugestões dos organizadores.
Após a conclusão do desafio, os participantes deverão enviar o relatório de tempo de tela, disponível em seus celulares, pra comprovar que passaram um dia inteiro sem usar a tecnologia e reivindicar o prêmio pelo ‘detox’.
Pra quem acha moleza o desafio do detox, vale perguntar: quanto tempo você consegue ficar sem dar aquela olhadinha no seu celular? Isso pode não ser apenas um hábito, mas algo mais preocupante, chamado nomofobia, que nada mais é do que o medo irracional de ficar sem o seu aparelho ou ser incapaz de usar o celular por algum motivo, como a ausência de um sinal ou a carga da bateria. Você se sente agoniado(a) quando seu celular vibra e sai correndo pra ver se alguém curtiu ou comentou seu último post no Instagram ou no Facebook? Você começa a responder e-mails de trabalho antes mesmo de levantar da cama? O ícone de bateria fraca deixa você aflito(a)? Pra quem respondeu sim em todas as perguntas anteriores, cuidado, você pode estar sofrendo de nomofobia.
O vício em smartphones é um problema do primeiro mundo que não vem mostrando sinais de desaceleração, independentemente da idade. E embora possa parecer uma bobagem, você pode realmente estar viciado(a) em um dispositivo móvel e sofrer com as implicações reais deste quadro.
A média de horas diárias gastas em celulares pelos brasileiros é a mais alta do mundo: quatro horas e 48 minutos. Os dados são de um levantamento da empresa de estatísticas ‘Statista’. Cerca de metade dos adultos verifica o telefone pelo menos várias vezes por hora. Quase uma, em cada 10 pessoas, pasme você, admite usar o telefone durante o sexo! Oi?
Quando você combina nomofobia com carros, as coisas ficam ainda mais assustadoras. Nos Estados Unidos, entre os motoristas adultos, mais de 27% afirmam enviar mensagens ou ler algum texto enquanto dirigem. Entre os jovens adultos, esse número chega a 34%. No Brasil, a realidade não é diferente. Qual é o problema em interagir com seu telefone em um sinal vermelho ou quando o tráfego é pesado? Considere o fato de que as mensagens de texto durante a condução deixam um acidente 23 vezes mais provável, o que pode colocar em risco a sua vida e as de outras pessoas.
Talvez seja exagero chamar isso de fobia, porque fobia é, geralmente, um medo irracional e essa angústia que muitos sentem quando estão sem seu celular neste admirável mundo conectado, é quase natural e talvez um sentimento compreensível. De qualquer forma, pra 66% de nós, estar com o seu telefone em todos os momentos é uma obsessão cada vez mais recorrente. E vale ficar atento se é apenas uma angústia comum aos dias de hoje ou se é algo mais grave, como a nomofobia.