‘Volpi Popular’: MASP inaugura este mês mostra sobre Alfredo Volpi, o mais brasileiro dos artistas italianos!
‘Volpi Popular’ é o título da mostra, dedicada ao sensacional Alfredo Volpi, que o MASP (Museu de Arte de São Paulo) apresentará de 25 de fevereiro a 5 de junho deste ano. O trabalho do artista – um dos meus preferidos – sempre foi influenciado fortemente pelas festas populares, fachadas de arquitetura colonial, pelo trabalho artesanal e pelos temas religiosos brasileiros.
Volpi se mudou com os pais, de Luca, na Itália, para São Paulo, em 1897, quando tinha pouco mais de um ano de idade. Começou seus estudos na Escola Profissional Masculina do Brás. Anos mais tarde, chegou a trabalhar como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, começou a pintar sobre madeiras e telas. Na década de 1930, passou a fazer parte do Grupo Santa Helena com vários artistas. Em 1936, participou ativamente da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo e integrou, em 1937, a Família Artística Paulista, a FAP. Em 1940, ganhou o concurso promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, com trabalhos realizados com base nos monumentos das cidades de São Miguel e Embu. Foi justamente aí que se encantou com a arte colonial e se voltou para temas populares e religiosos. Sua primeira exposição individual aconteceu em São Paulo, na Galeria Itá, em 1944. A partir da década de 1950, passou a criar composições que, gradativamente, caminharam para a abstração. Em 1953, recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional da Bienal Internacional de São Paulo – dividido com ninguém menos do que Di Cavalcanti -, em 1958, o Prêmio Guggenheim e, em 1962 e 1966, o de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro, entre outros.
A mostra, que tem curadoria de Tomás Toledo, curador-chefe do MASP, e de Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, é a terceira de uma série de exposições que o MASP organiza em torno de artistas modernistas brasileiros canônicos do século 20 que empregam referências populares em seus trabalhos e abrangerá diversos períodos da carreira do artista, além de contar com cerca de 100 pinturas organizadas em torno do interesse de Volpi pelos temas do imaginário popular brasileiro, e será estruturada em seções temáticas, como paisagens do campo e do mar; fachadas; bandeiras e mastros; representações religiosas; festas populares; e retratos.
Faço minhas, as palavras de outra grande artista, Lygia Pape, que definiu como poucos, o espetacular Alfredo Volpi e seu trabalho: “Acho Volpi um dos nossos grandes coloristas. Volpi chega a uma síntese incrível nos portais e nas festas de São João. Sua pincelada, ao contrário, tem uma forte vibração. Nos trabalhos iniciais, sua cor era mais chapada. Mas, no final de sua vida, ao pintar aquelas superfícies que parecem bandeiras mas que já são enormes abstrações, dando cores extremamente vibrantes e mudando a direção do pincel para conseguir uma certa vibração, parece que a cor está viva ali. Acho aquilo tão sutil e tão rico, é pura luz! O fantástico é que, apesar da economia, ele chega ao cerne da expressão, à essência da qualidade. Poucos artistas fizeram isso. Van Gogh o fez quando pintava o céu com uma pincelada e os corvos com outra. Volpi o realizou sem nunca ter ouvido falar em Van Gogh”. Pode ter definição mais linda? Viva Volpi!
Alfredo Volpi morreu no dia 28 de maio de 1988, em São Paulo.