História e atualidade: o Dia Internacional da Mulher! Há mesmo o que comemorar?
Que existiram avanços em relação aos direitos das mulheres, não há como negar, mas será que nós, mulheres, temos mesmo o que comemorar? Podemos sair com a roupa que quisermos sem assédios e julgamentos? Julgamentos, diga-se, de outras mulheres inclusive! Continuamos cerceadas no direito de fazer o que quisermos com os nossos próprios corpos! Seguimos sendo objetificadas, lamentavelmente.
E a propaganda, como mostra a mulher? Como a gostosona do comercial de cerveja, como a dona encrenca que atormenta o marido ou como a destruidora de lares que angaria o ódio de outras mulheres.
Pior mesmo é aquilo que acontece nas redes sociais onde o respeito foi, definitivamente, pro brejo! Como eu comentei aqui, em outra postagem, sobre o preconceito contra a idade, contra o envelhecimento e, o que é mais grave, discriminação que parte de outras mulheres! Daquelas que, hoje, são mais jovens e, por pura ignorância, esquecem que envelhecem a cada dia e, em breve, terão a idade daquela pessoa que discriminam. Isso acontece apenas aqui no Brasil? Não. Mas os outros países onde isso também acontece não são lá tão inspiradores assim.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que evoluímos, sim, mas muito, infinitamente menos, do que é preciso evoluir. Apesar de ainda não sermos vistas dessa maneira, temos, rigorosamente, os mesmos direitos dos homens. Não é um favor que fazem, não é uma concessão, é algo que existe, mesmo que diversos interesses prefiram ignorar.
Sou contra essa onda de “empoderamento”, acho isso uma enorme bobagem. Minha mãe, a mulher mais independente, segura e linda que eu conheci nesta vida, entrou na universidade mais concorrida de sua época e foi a única, repito, a única mulher da turma de medicina daquele ano na UERJ ( Universidade do Rio de Janeiro). Formou-se, abriu seu próprio consultório de ginecologia e obstetrícia, ganhou seu dinheiro sob os olhos orgulhosos dos meus avós, formou sua própria família e teve um casamento de 40 anos de muito amor, apoio mútuo admiração e respeito. Criou suas duas filhas para que ambas soubessem trilhar seus próprios caminhos e se orgulhassem de suas escolhas. Foi nossa maior incentivadora e nos ensinou, sobretudo, a batalhar por aquilo que queríamos. Quando eu decidi fazer jornalismo, meu pai – também jornalista – foi contra. E ela, com a firmeza que lhe era peculiar, olhou bem dentro dos meus olhos e disse: “Essa escolha é, como outras, só sua. Ninguém vai decidir por você. Faça o que você ama”, e foi o que eu fiz. E agradeço a ela por tanto apoio, por tanto amor, por tanta determinação. Meu caminho não foi fácil. Jamais foi. O orgulho que eu tenho de mim mesma é imenso, apesar dos erros que cometi, cometo e, certamente, ainda cometerei.
Escolhi uma profissão que, hoje, é desrespeitada ao extremo. Desvalorizada frequentemente. Mas nada, absolutamente nada, me faz desistir dela. Sei o que eu quero e, principalmente, sei que tenho talento de sobra pra isso, e não é arrogância, nem pretensão, é consciência mesmo. Escrever é algo que poucos sabem, verdadeiramente, fazer. Passe os olhos pelas redes sociais e verá o exagero de erros em coisas bobas até. Não adianta fazer de qualquer jeito. Quem tem talento pra escrever, pra adotar o jornalismo como meio de vida, tem outros talentos também. Como o de identificar quando o “estilo” de alguém nada mais é do que uma tentativa de cópia tosca, repetindo “chavões” que lemos por aí. Para quem escreve todos os dias, um texto é algo prazeroso, que se forma diante dos nossos olhos, nessas telas iluminadas e dão forma aos nossos pensamentos.
Tudo o que eu gostaria neste dia de hoje é desejar a você, mulher, que agora me lê, não um dia feliz, mas felicidade em seus propósitos, se é que você já os identificou, se você sabe o que quer de verdade, como eu quis algumas décadas atrás. Principalmente, que neste dia você olhe pra outra mulher como alguém que merece respeito e até admiração. Não a desrespeite, não a julgue, não a desafie, não acredite ser melhor do que ela ou do que qualquer outra mulher. Somos todas iguais, e tão diferentes. O respeito nasce daí, de ter inteligência emocional para aceitar as diferenças. E o mundo pode ser bem melhor a partir disso, para nós e para as outras mulheres.
Por isso, agradeço a você, mulher, que me acompanha aqui no site, que lê cada um dos meus textos, que se identifica, que discorda, que se influencia por eles, que se vê tocada por cada um daqueles que lê. A ideia é essa: usar as palavras para construir dias melhores, para tornar a vida melhor, mais fácil, mais prazerosa. Pense antes de falar, acredite: experiência de vida e inteligência emocional sempre formaram pessoas melhores. E é isso que nós, mulheres, somos: pessoas. Com erros e acertos, qualidades e defeitos: eu, você e o mundo.
A origem do Dia Internacional da Mulher é controversa – e poderia ser diferente? Há quem associe o surgimento da data com a greve das mulheres que trabalhavam em Nova York, na ‘Triangle Shirtwaist Company’ e, consequentemente, ao incêndio que ocorreu em 1911. Há quem também diga que a data surgiu na Revolução Russa de 1917, movimento marcado por diversas manifestações e reivindicações por parte das mulheres operárias daquele país. No dia 8 de março de 1917, cerca de 90 mil operárias russas percorreram as ruas reivindicando melhores condições de trabalho e de vida, ao mesmo tempo em que se manifestavam contra as ações do Czar Nicolau II. Esse manifesto, que deu origem à data, ficou conhecido como ‘Pão e Paz’. Isso porque as manifestantes também lutavam contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial, que aconteceu entre 1914 e 1918.
Anterior ao movimento das operárias russas, em 1908, houve uma greve das mulheres que trabalhavam na tal fábrica de confecção de camisas, a ‘Triangle Shirtwaist Company’, localizada em Nova York. Essas trabalhadoras costuravam cerca de 14 horas diárias e recebiam entre 6 e 10 dólares por semana. Por isso, além de reivindicarem melhores condições de trabalho e diminuição da carga horária, elas buscavam aumento de salários. Naquela época, os homens recebiam muito mais do que as mulheres – e, vamos falar a verdade, ainda ganham.
Em 28 fevereiro de 1909 aconteceu a primeira celebração das mulheres nos Estados Unidos. E surgiu inspirado na greve das operárias da fábrica de tecidos que ocorrera no ano anterior. Todo esse movimento, no entanto, teve um desfecho trágico: no dia 25 de março de 1911, a fábrica pegou fogo com várias mulheres no interior do edifício. Um total de 146 pessoas, dentre as 500 que trabalhavam lá, morreram e, desse número, apenas 21 eram homens. A maioria das funcionárias mortas era de imigrantes judias, algumas muito jovens, tinham só 14 anos. Após o trágico acidente, a legislação de segurança para incêndios foi reformulada e as leis trabalhistas foram revisadas e muitas conquistas foram contabilizadas.
O Dia Internacional da Mulher foi definitivamente instituído pela ONU no ano de 1975, em homenagem à luta e às conquistas das mulheres. A escolha do dia 8 de março, por sua vez, está relacionada à greve das operárias russas de 1917.