Slow Living, um conceito de vida pós-pandemia?
Ok, o pior desta pandemia de Covid-19 parece já ter passado, mas e os efeitos dela, também passaram? Na minha opinião, eles estão apenas começando a aparecer. Um deles, por exemplo, é o ‘Slow Living’, que já vinha ganhando força, e ganhou ainda mais depois da quarentena. Esse conceito, que teve origem no movimento do ‘Slow Food’ – que pretende maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente -, tem o objetivo de criar um estilo de vida com mais equilíbrio, paz e direcionado a um modo de consumo mais sustentável.
Fomos, na marra mesmo, obrigados a ter uma vida mais lenta em casa e pudemos passar a prestar mais atenção nos desejos de restaurar alguma forma de equilíbrio nas nossas vidas cotidianas, principalmente, em relação ao mundo de meses atrás, que sempre nos exigiu tanto esforço, onde muitas vezes podia até parecer que nos restava pouco tempo para viver, para aproveitar a vida.
Agora, essa mudança de ritmo começou em casa. Pra mim, minha casa sempre foi o melhor lugar do mundo, portanto, sempre foi nela que coloquei o meu melhor, um espaço onde somos livres para ser exatamente como somos, sem a necessidade de mostrar, nem provar nada a quem quer que seja, e onde podemos encontrar paz e tranquilidade.
O desejo de um lar mais calmo e tranquilo é o desejo de uma vida que nos deixe mais satisfeitos. Quem somos começa em casa. O lar é onde recarregamos nossas “baterias”, onde construímos nossas famílias e, agora, também o nosso local de trabalho. Com tantos de nós exaustos de um mundo que pode parecer em desacordo com nossos próprios valores, o lar é o lugar onde podemos criar ambientes que refletem o que mais nos importa. Quando nossas casas são cuidadosamente montadas com base naquilo que valorizamos e em como desejamos viver, elas começam a servir como mais do que apenas espaços que habitamos, elas se tornam uma maneira de reforçar esses valores.
Casas que refletem, de verdade, a individualidade das pessoas que moram nelas, raramente são a representação perfeita das últimas “tendências” das revistas de design de interiores – aliás, tem algo mais boring do que fotos de revistas de arquitetura, sem “alma”, sem a personalidade de quem vive ali? Quem suporta viver numa casinha de Pinterest ou em um apartamento que só existe em fotos de Instagram? Lares reais são cheios de objetos que foram comprados ao longo de uma vida, em momentos especiais, que contam histórias, viagens, esperanças e sonhos das pessoas que vivem neles. Em vez de sucumbir à pressão de comprar os itens mais recentes, à modinha sem graça que se vê a todo o instante, produzidos em massa e focados nas tendências, que se tornam irrelevantes tão rapidamente quanto entram na moda. ‘Slow Living’ é viver em uma casa calma, tranquila, em que as decisões de compra foram e são feitas com moderação, com consideração e intenção.