Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem? Por Mauro Wainstock

Como você já sabe, este site tem como foco os perennials, que buscam o melhor, sem preocupação com a faixa etária daquilo – ou de quem – curtem, são pessoas acima dos 40 anos, totalmente ageless. De olho nisso, li o texto de Mauro Wainstock, jornalista e publicitário, foto acima, que vai de encontro a esse pensamento.
Convido você a ler e, principalmente, a começar a reflexão que Wainstock nos convida a fazer!
Renata Suter
“A classificação da sociedade através das gerações etárias sempre auxiliou os pesquisadores a entenderem mudanças históricas e a mapear necessidades específicas de cada um destes grupos. Mas será que um indivíduo com 39 anos é tão diferente daquele que acabou de completar 40 anos e que, de forma automática, passou a pertencer a um outro segmento? Será que este aniversariante se sente em outra etapa da vida no momento seguinte em que assopra a velinha?
O admirável mundo “algoritmizado” propiciou o surgimento de uma nova categoria que não é baseada necessariamente nos anos de vida, mas em desejos, interesses e comportamentos comuns, independente da faixa de idade. Trata-se do conceito de “Ageless Generation” ou “Perennials”, termo cunhado por Gina Pell, chefe de conteúdo da The What, que explica: “O mercado busca catalogar e homogeneizar nossos interesses, hábitos de consumo, até mesmo nossos valores e referências morais. Mas a realidade é que muitos de nós não se alinham com os rótulos que recebemos. Temos enorme capacidade de nos adaptar a mudanças, somos curiosos e estamos sempre florescendo. Enquanto estivermos com saúde, devemos continuar a crescer, aprender e explorar o que podemos fazer”.
Esta segmentação, que se caracteriza pelo mindset semelhante, é composta por indivíduos, de qualquer geração, que vivem o presente, são atualizados tecnologicamente, circulam em ambientes diversificados e convivem com múltiplas faixas etárias. Enfim, estão em constante evolução. Parafraseando o escritor francês Honoré de Balzac, “O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo”.
A cronologia cede espaço para a identidade social. Estes grupos não se moldam às expectativas geracionais, nem a regras e a costumes engessados. Têm como características intrínsecas a vontade de viver, a ânsia por aprender, o desejo de ousar e de se reinventar permanentemente, aspectos que se refletem na forma como encaram os desafios diários e a qualidade de vida. Abraçam causas e pretendem deixar legados. Junte-se a isto a prontidão para o desenvolvimento do autoconhecimento e da inteligência emocional e teremos um profissional equilibrado e qualificado para o mercado de trabalho, ajudando a construir uma sociedade mais plural e inclusiva.
Conhecer esse perfil também é indispensável para a análise dos novos modelos mercadológicos. Eles já são 17% da população, mas correspondem ao dobro disso em potencial de consumo e ao triplo na capacidade de influenciar os demais. Para Walter Longo, ex-presidente do Grupo Abril, “trata-se de uma tribo que aposenta de vez a “Idade Média” e inaugura a “Idade Mídia”. A publicidade precisa ficar atenta”. Sem dúvida, cada um de nós se tornou um canal próprio de comunicação. E assumiu o protagonismo com a capacidade de persuadir, disseminar informações e estimular atitudes.”