Dicas do Festival do Rio 2017, por Roberto Cunha
O Festival do Rio, que acontece anualmente por aqui, teve início no dia 5 de outubro e termina no próximo dia 15, domingo.
Como sempre, as exibições foram concorridíssimas e os especialistas em cinema estiveram por lá para conferir os novos filmes e analisar o que viram.
Roberto Cunha, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview, comenta sobre dois deles.
Confira a opinião do Roberto!
ME CHAME PELO SEU NOME – Baseado em livro homônimo ainda não lançado no Brasil – chega em janeiro, junto com o filme -, o longa dirigido pelo italiano Luca Guadagnino tem um ritmo próprio. Como um virar de páginas cadenciado, sua história chega de mansinho e vai ganhando corpo com as boas atuações do conhecido Armie Hammer e do jovem – e atuante – Timothée Chalamet. Porém, se por um lado essa cadência é coerente com a delicadeza com que o tema é tratado, ela também se torna algoz ao reforçar a excessiva duração do filme (132 minutos) e suprimir parte de sua força ao ensaiar um fim mais de uma vez. Essa sensação, inclusive, pode ser ainda mais presente para quem não leu o livro. Escrito por James Ivory, o roteiro não tem qualquer tipo de ranço sobre a relação de um jovem pelo orientando de seus pais e permite a qualquer gênero “experimentar” ali a paixão entre dois amantes e suas consequências. Na trilha de um filme que se passa nos anos 1980, um inusitado e ótimo encontro sonoro de Sufjan Stevens (“Mystery of Love”) com Psychedelic Furs (“Love My Way”).
Programe-se! Tem no sábado e domingo no Festival do Rio l Rio de Janeiro Int’l Film Festival
THE LEISURE SEEKER – O cineasta italiano Paolo Virzì (Capital Humano) fez este seu primeiro longa inteiramente falado em inglês muito bem acompanhado. Casal de idosos – Helen Mirren e Donald Sutherland – possui um motorhome desde os anos 1970, período em que viajavam com os filhos pela estrada afora. Cerca de quatro décadas se foram, vieram as doenças incuráveis e a dupla apaixonada, também “doente de amor”, resolve acelerar novamente para realizar um antigo sonho: visitar a casa do escritor Ernest Hemingway. Para isso, traçam uma reta de Boston para a Flórida, mas a vida tem muitas curvas, umas suaves, outras bem acentuadas e, ao que tudo indica, eles tinham esse “mapa” bem definido em seus corações e mentes. Prepare-se para um road movie intenso e, acredite, capaz de provocar o riso onde também há muita dor. A boa trilha sonora é apenas mais um combustível e começa logo com a inesquecível “It’s Too Late”, de Carole King.
Imperdível! Ainda tem hoje, sexta e domingo, no Festival do Rio l Rio de Janeiro Int’l Film Festival